O piso de concreto cercado por grades não devia em nada para as passarelas mais badaladas do mundo da moda. Pelo menos na imaginação do público que assistia e das protagonistas do desfile realizado na tarde desta quinta-feira (6) no Presídio Feminino de Tubarão, como encerramento de um projeto de extensão desenvolvido pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). E, como a mente é um universo, ficou a certeza de que o IFSC deu uma contribuição para que as mulheres envolvidas ampliem sua visão de mundo para retomar o curso das suas vidas quando passarem para o lado de fora das grades.

O evento, realizado no pátio interno do Presídio Feminino, marcou o encerramento do projeto “Empoderar mulheres é libertar: Educação Integral, Arte e Trabalho”, realizado pelo Câmpus Tubarão no âmbito do programa Mulheres Sim do IFSC. Desde agosto deste ano, um grupo de mulheres participou de atividades de capacitação e formação em temas como literatura, artes, saúde, empreendedorismo, maquiagem e artesanato, entre outros temas.

O projeto foi encerrado com a “Mostra Cultural Frida Kahlo”, baseada na trajetória da artista mexicana, que serviu de inspiração para o desenvolvimento das atividades. Além do resultado do trabalho realizado ao longo dos últimos meses, as reeducandas apresentaram uma breve biografia de Frida e leram poesias feitas de próprio punho inspiradas na artista.

“A missão do IFSC é promover a inclusão de todas as pessoas, e dar oportunidades a elas por meio da educação”, disse a diretora-geral do IFSC Câmpus Tubarão, Consuelo Sielski, durante o evento de encerramento do projeto. Também esteve presente a presidente do Conselho da Comunidade de Tubarão, Gizela da Rosa May, servidora da 2^a Vara Criminal de Tubarão e que esteve representando a juíza Liene Francisco Guedes.

Alternativa

Um dos objetivos do projeto era proporcionar uma alternativa de renda concreta para quando as mulheres retornarem ao convívio social. “É um projeto de futuro, para que elas vejam que podem ter um trabalho e um retorno financeiro depois. Não é nada utópico, que elas não vão conseguir. É um trabalho viável”, afirma Juliana Espíndola, coordenadora do projeto. “Elas tiveram uma evolução constante, e eu nem precisava mais estimulá-las a ousar nas bijuterias. Elas se sentiam seguras e iam ousando nas criações. Muitas têm condição de realmente fazer as bijuterias e vender. E muitas realmente querem”, destaca Juliana, que teve apoio da estudante Pâmela Olbermann, que atuou como bolsista.

Ao longo dos quatro meses de atividades, as mulheres participantes do projeto não tiveram somente aulas de bijuterias, mas assistiram a filmes, leram livros e discutiram questões relacionadas às suas próprias vidas. O resultado do projeto, portanto, está além do aprendizado de um novo ofício e ficou expresso nas falas das mulheres ditas no encerramento do evento.

Além do projeto, o IFSC desenvolveu em 2018 um curso de eletricidade básica com um outro grupo de mulheres do presídio. A instituição também mantém projetos de extensão em parceria com escolas da região e com entidades como o Centro de Atendimento Psicossocial de Tubarão (CAPS), que recebeu recentemente um curso de inclusão digital para usuários do sistema.

“Quando perguntaram no início do curso quais eram nossas qualidades, respondi nenhuma. Mas hoje eu vejo que sou capaz de tudo. Sou muito mais do que uma detenta”

Além do projeto, o IFSC desenvolveu em 2018 um curso de eletricidade básica com um outro grupo de mulheres do presídio. A instituição também mantém projetos de extensão em parceria com escolas da região e com entidades como o Centro de Atendimento Psicossocial de Tubarão (CAPS), que recebeu recentemente um curso de inclusão digital para usuários do sistema.

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Por Comunicação do Câmpus Tubarão do IFSC