"Eu sou meu próprio lar": IFSC Tubarão inicia curso para empoderar todas as mulheres |
![]() |
![]() |
![]() |
Sex, 04 de Agosto de 2017 17:55 |
Em um quadro, as mulheres escreveram suas expectativas para o curso: amor, amizade, conhecimento, união. Não parar no primeiro obstáculo. Acima de tudo, respeito. Afinal de contas, não se trata de um curso qualquer.
O projeto “TRANSformando vidas de sujeitos do gênero feminino em situação de vulnerabilidade social: somos todas Mulheres Sim”, ação de extensão do IFSC que faz parte do programa Mulheres Sim, abriu as portas da instituição a todas aquelas que se definem como mulheres. São mulheres em situação de vulnerabilidade social que terão aulas sobre saúde, cidadania, gênero e geração de renda, além de oficinas de maquiagem, bijuteria, artesanato, entre outras atividades.
“Nossa proposta é inclusiva. Buscamos atender as pessoas que se definem como mulheres. O IFSC é uma instituição para todos. Não queremos terminar aqui”, destacou a coordenadora do projeto, Rosiana Taís Andreolla.
Inscreveram-se no curso 40 mulheres. Sete delas são transgênero e chegaram ao IFSC, na maioria dos casos, por indicação da professora Gabriela Silva, também trans, que atua na rede estadual e dará aulas de português no Mulheres Sim.
Valdety Garcia tem 25 anos, é uma mulher transgênero e se matriculou no Mulheres Sim por indicação de Gabriela. Desempregada, ela trancou a faculdade de Geografia e está em busca de alternativas. “Vim aprender”, resume Valdety, que diz nunca ter tido problemas para estudar e trabalhar em função de sua identidade de gênero. “Nunca tive problemas. Já dei aula no Estado, sempre trabalhei”, afirma.
“As trans devem fazer o que quiserem. Tem quem trabalhe na rua, mas se a gente sai para conseguir um emprego é porque a gente quer trabalhar. Aqui no Mulheres Sim todo mundo é mulher. Sou trans, sou militante, mas aqui dentro somos uma só”, diz.
A aluna Nair Eufrásio, 67 anos, foi quem escreveu “respeito” no quadro que acompanhará as mulheres ao longo do curso. Negra, ela pediu a palavra para parabenizar a proposta de inclusão do curso e afirmar a importância do respeito entre todas. “O preconceito é muito grande com as meninas. Ando por aí e vejo muito. Por isso é importante abrir [o IFSC], trazer também o negro. Por isso que escrevi ‘respeito’ no quadro”, afirma.
Transformação
A aula inaugural, realizada nesta quinta-feira (3), contou com a presença da pró-reitora de Extensão e Relações externas do IFSC, Maria Cláudia de Almeida Castro, da delegada regional da Polícia Civil, Vivian Garcia Selig e da artista plástica Raissa Bússolo Capeler, que será professora do curso. Mais do que a abertura oficial do curso, o momento foi marcado pelo otimismo e pela expectativa de uma formação transformadora para a vida das alunas.
Até novembro, a turma terá duas aulas por semana. O curso tem 80 horas de atividades, sendo que 16 horas são de palestras sobre temas variados. O restante será de muita atividade prática, em que as alunas desenvolverão produtos que serão expostos em uma feira de economia solidária. Para muitas, além da alternativa de geração de renda, o curso vai proporcionar uma mudança mais íntima, que tem a ver com autoestima e empoderamento.
Caso da assistente social Célia Siqueira, de 62 anos, que há seis veio de São Paulo para Tubarão e está desempregada. Ela já participou de uma edição do Mulheres Sim no IFSC e deu seu relato sobre a importância da participação no curso para sua própria saúde. “O curso foi maravilhoso e minha expectativa que este seja tão bom quanto o anterior”, disse ela.
“E um homem não me define
Por Daniel Cassol | Jornalista IFSC |